
Terça feira chuvosa com aquele tempinho frio, como amo, aí (não me perdoarei, pelo ‘’tempinho’’ frio). É que detesto quem fala e/ou escreve no diminutivo. Tipo: amorzinho, queridinho, barzinho.
Sim, sou chato mesmo, tá pensando que é só isso que me aborrece? Lembra das vizinhanças que temos (principalmente os mais idosos) que parece não ter nada o que fazer a não ser saber quando você saiu, chegou, que horas e com quem? Então, isso me faz lembrar Arnaldo Antunes: ‘‘Se uso camisola, camiseta ou camisinha, também não é da conta da vizinha’’.
E aquelas pessoas super legais, que te pegam na fila da padaria, do banco ou mesmo do ônibus e puxa aquela conversa fiada e acha que tá arrasando e não percebe que mostramos o dente num sorriso forçado pensando (porque esqueci de pegar o fone de ouvido). Dá-lhes Arnaldo Antunes novamente: ‘’...sobre vidas alheias ou como elas são feias...quem quiser papo comigo tem que calar a boca enquanto eu fecho o bico, e estamos conversados’
Depois não venham falar que sou insuportável ? Eu!!! Não, não. Apenas chato, criterioso ou como quiser me chamar. Pois não tenho tempo pra cuidar da vida alheia, muito menos ‘pra pegar um cineminha, ouvir uma musiquinha, ir num barzinho, comer alguma coisinha e qualquer outro inho(a).
Falando em música, todos já devem ter ouvido o veículo que vende gás, daí toca sonata ao luar do Beethoven em um timbre esquisito. Me pego ouvindo esta sonata de vez em quando e sempre tem um desocupado que se digna ouvir boa música e se satisfazer em dizer com orgulho de quem conhece uma obra prima: ah, é a musiquinha do gás.
Não é musiquinha, e muito menos do gás. Não tenho culpa se trocaram o timbre do piano por um timbre qualquer e se as pessoas foram criadas apenas ouvindo as FM’s da vida, aquelas que te obrigam a ouvir a mesma canção dez vezes por dia e depois dizem que são as mais pedidas da semana, lógico, como vou escolher outra se só tocam aquelas. Nessas horas Beethoven deve arranhar seu túmulo de indignação. Outra se fosse musiquinha não precisava de um Nelson Freire para interpretá-la, meu colega que ousa tentar tocar seus pagodes conseguiria.
Nestas mesmas FM’s tocam muito também, aquelas (ouso dizer canções chiclete?) aquelas músicas que tocam naqueles programas no final da tarde e começo da noite, que faz 90% dos brasileiros sentar no sofá pra saber se um personagem traiu ou não o outro, ou se este ou aquele vai ser eliminado. TV brasileira gente, só nos ensinam coisas boas com suas novelas e BBB’s . Mando mais Arnaldo Antunes pra elas: Gastando olho na novela das sete, aja saliva para tanto chiclete, gastando o pensamento com Elisabeth.
E aqueles cidadão que também não gostam de televisão? Mas preferem festas de peão? Aquele lugar que ao invés de dizer segurar peão, deveria segurar um monte de malas bêbados que usam chapéu, cinturão e botinas de couro, esse lugar é inacreditável. Canecas com cervejas na mão, poeira no chão e conversas de montão. Já pensou sentar do lado daquelas meninas que pensam estar abalando, e puxar um conversa, como: você gosta de ler?
(EU) Você gosta de ler? Já ouviu falar em Dostóievski, Cervantes?
(ELAS) Que isso, é de comer? (que graça). Gosto de ler revistas tipo contigo, caras, capricho...
(EU) Costuma ir em outros lugares onde tocam músicas de verdade?
(ELAS) (com aquelas gomas de mascar) Ah, eu, tipo, adoro micaretas também. Você gosta?
(EU) Não, não. ME NO CARETA
Cansei, estou perplexo.